30 de setembro de 2009

Corpos, Panelas e Blablablás

Corpos foram feitos para encaixar-se, pensava ela no caminho para casa. O dela e o dele se ajustavam perfeitamente. Os pés e as pernas fundiam-se, a ponto de não se saber de qual dos dois eram. Quadris acoplados. O peito dele nas costas dela. Os braços simetricamente alinhados, repousavam sobre ela, e, ao final, mãos entrelaçadas. Às vezes, durante uma conversa e outra, ele apoiava o queixo, com a barba já um pouco crescida, no ombro dela, causando assim, uma espécie de arrepio involuntário. Seria perfeito, se não fosse um pequeno detalhe. Ele não pertencia a ela. Ela não pertencia a ele.

Toda a panela tem sua tampa, mesmo assim, tem horas que usamos as tampas trocadas, pensei eu, enquanto ela pensava nele. Na urgência de fazer a comida, usamos tampas de outras panelas. Algumas delas parecem encaixar-se perfeitamente, mesmo não sendo do mesmo conjunto. Minha mãe tem uma tampa de panela que cabe perfeitamente em uma frigideira! A gente tenta, força, e a panela acaba cedendo. Às vezes a tampa é grande demais e sobra, mas dá pra quebrar o galho. Só que a panela é de aço inox e a tampa é de teflon. Uma não pertence à outra.

Encaixar-se é o que todos querem na vida, pensava ele arrumando-se para uma festa, enquanto ela pensava nele e eu pensava em panelas. Mas a verdade é que ele ainda não tem certeza do que quer. Sabe que se ajusta perfeitamente nela, mas não sabe por que motivo ela não é a tampa dele. Aliás, ele não sabe se é tampa ou se é panela, se é que isso faz alguma diferença. Segue como uma frigideira com um prato em cima na tentativa de cobrir o que tem dentro de si. Encaixados, ou não, continuam na mesma. Ele não pertence a ela. Ela não pertence a ele.


21 de setembro de 2009

Minha Vida, Meu Jardim

Hoje de manhã acordei pensando nas flores da minha vida. Nos lírios que eu não desafiei. Na tulipa que eu ganhei e minha mãe cuidou como se fosse dela. No destino da flor-de-lis, que tantas vezes já se repetiu. Na importância que a rosa tem na minha vida. Nas margaridas que eu amo tanto, mas que não tenho perto de mim. Nas flores amarelas, da Insônia, de Paulo Mendes Campos, que já preencheram a minha própria insônia. Nas flores de plástico que não morrem, mas que também não exalam perfume. No copo-de-leite, que era a flor preferida do meu avô, e que meu pai colheu e pôs num vaso essa semana. Nas violetas que minha tia colocava junto a janela da cozinha, e que hoje, não sei por qual motivo, não cultiva mais. Nas pétalas de maravilha que viravam esmalte quando eu era criança. Nas flores cor-de-rosa daquela árvore que tem no caminho que eu faço há anos, mas que só a pouco fui notar. No amor-perfeito que eu nunca tive.

16 de setembro de 2009

Ecoava

A internet coloca, muitas vezes, coisas mimosas no nosso caminho.
A de hoje foi este vídeo que encontrei na comunidade do Orkut, Prazeres Amélie Poulain.
O vídeo foi produzido pelo Rafael e pela Denise, que são integrantes da comunidade. Eles estão participando do Concurso Nacional Jovens Produtores da Oi. Vota lá.