4 de janeiro de 2011

Devaneio

Sinto falta de algo que nunca me pertenceu, e por uma razão ainda desconhecida, essa falta se torna presença a cada dia que passa. Como a água escorre por entre os dedos ao lavarmos o rosto, ele escorre da minha vida. Sua presença aos poucos vai se tornando ausência. Mas é uma ausência tão presente nas músicas e nos livros que demorei a sentir a falta. Não percebi nem ao menos que o telefone não toca. O barulho do silêncio me enlouquece. A resposta talvez esteja em um livro que ainda não foi escrito. Ou seria a pergunta? É preciso esperar, mas a tal de "paciência" nunca foi minha companheira. E se eu saísse pela rua procurando? E se ele voltasse e eu não estivesse em casa, porque sai para procurá-lo? Não posso ficar. Não consigo sair. O silêncio grita cada vez mais alto. Se ele me trouxesse margaridas, saberia em meus olhos a resposta. Mas é inútil, porque eu sei o eu quero e ele ainda não sabe o quer. Ele está sumindo diante dos meus olhos. Seguindo pelo desconhecido, como um barquinho de papel em alto mar. Sou medrosa demais para acompanhá-lo. Só resta escrever uma mensagem e coloca-la dentro de uma garrafa, só por garantia, para que ele não me esqueça.