12 de março de 2010

Um Lugar e Um Laço

Hoje pela manhã, ao passar pelo bairro onde eu vivi um dos melhores anos da minha vida, lembrei da crônica Acorrentados, de Paulo Mendes Campos: “quem visita sozinho os lugares onde já foi feliz ou infeliz (...) todos eles são presidiários da ternura e andarão por toda a parte acorrentados, atados aos pequenos amores da armadilha terrestre”. Não sinto-me acorrentada quando passo por lá. As correntes pesariam demais e não sinto-me presa a nada. Mas involuntariamente, senti uma vontade de ficar. De ficar parada ali, assim sem fazer nada só olhando. Estava tudo tão diferente. Não via mais as pessoas que por ali andavam há alguns anos. O sinal fechou. Secretamente pensei em como seria bom rever ao menos uma delas. Mesmo sabendo que isso seria impossível, meu coração encheu-se de esperança e bateu mais forte. Olhei ao redor. Nada aconteceu. Mas foi bom. Bom saber que eu ainda tenho um coração e que ele bate forte quando pensa em alguém, mesmo assim de longe. Senti-me viva como há muito não acontecia. Pelo visto, sempre estarei atada aos “pequenos amores" daquele lugar. Mas atada com um laço de fita de cetim rosa, bem bonito.

Um comentário:

  1. Estamos em sintonia, queri!
    Também tenho visitado lugares onde fui muito feliz e as sensações são bem parecidas com as tuas.
    A vida é impressionante, as lembranças ainda mais.
    Que vivam para sempre em nós os laços de fita de cetim cor de rosa!
    Beijo enorme!

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